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Uma "luz azul a se extinguir e renascer com mais intensidade indo em direção ao futuro"

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

VIVENDO O DRAGÃO




(Para TATYANE LUIZA)

"Hoje logo pela manhã, contribuí num poema de homem,
um homem perdido, sequóia cheia de linhas das cheias
sobrevivido e sem sentido,
mas o destino da árvore também é para cima...
e eu lembro que ele tem cheiro de mata que beira a praia."
(Flá Perez)




"Passei minha vida toda atrás de pessoas que me interessam, porque as únicas pessoas que me interessam são as loucas, aquelas loucas por viver, loucas por serem salvas; as que desejam tudo ao mesmo tempo, aquelas que nunca bocejam ou falam banalidades, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como aranhas através das estrelas, e no meio delas você vê aquela luz azul se extinguir e renascer com mais intensidade indo em direção ao futuro." (Jack Kerouak - On the Road)



VIVENDO O DRAGÃO

Vivendo o único animal imaginário do Zodíaco chinês,
nas asas, na língua desse devorador de tempo,
dos que estão no tempo, dos que chegam no inicio e no fim

Sob a sombra dessa ave que não é ave e é ave,
me solto, caio e levanto diante da minha cova,
da cova dos que amo

E vou aprendendo a viver por essas ruas com uma única perna,
ou aguardando a perna que eu não tinha florescer

Será que alguém compreende o intrícico desses dizeres?
Hoje conheci um alguém que não gosta de pessoas,
disse para esse alguém que tinha pena dele,
"gente é qualquer coisa diferente das estrelas"

Busco gente e sendo gente piso no novíssimo dia,
na novíssima estrada que me chama
Atenderei ao chamado do canto do Uirapuru
do irmão Villa Lobos
e sigo pelas ruas do centro da cidade
guiado pelas luzes do cruzeiro do sul
e pelos piscares dos gatos que nunca dormem

Sem tamanho é esse poema porque o Dragão,
diz a lenda, cospe fogo e esconde donzelas
por baixo das escamas

Mas o chamado dos afazeres terrenos
clamam por meus pés e braços
e eu vou obedecer

Partir pelas estradas,
pelos ares nos aviões da música
e do teatro da nova alegria

Vivendo o Dragão,
a droga diluída na manhã
onde pássaros negros e cães invisíveis
(aos que não sonham com manchas solares)
marcham em direção nenhuma
porque não há nenhuma direção,
nenhum breu capaz de ofuscar as visões
que tenho de tudo
através da transparencia
tênue do que possa estar pensando

E clara é a opulência do que sinto
ao tocar os pés e as fendas das mãos
nas brasas de tua doce carne

Passo por esse jardim de amores-perfeitos
sem pisar numa única flor
por estar fincado na delicadeza,
nas pontas das penas das asas da águia
mãe dos videntes

O poema de meu corpo e de teu corpo
mal começou a coroar
na entrada da carnuda boca tua vagina,
o parto é lento e rápido,
dolorido e prazeiroso

Os videntes nascem nos brotos das folhas,
nas carolas das dálias ainda moles
acariciadas pelo orvalho do sol qualhado
de seres voejantes e escaravelhos azuis sonoros

Os videntes descem das estrelas
pendurado em fios metálicos
e se fixam na lama do fundo artístico do planeta
inventando mãos e pés para poderem
entre os outros videntes andarem

Tudo tão claro, tudo tão escuro...
ao subirmos as escadas
construídas pelas primeiras luzes da manhã

Somente no ar, somente no sangue, na fluidez
das coisas nascidas sob o signo do imaginativo
poderão os novos seres erguerem suas camas
e suas cidades há muito perdidas

A água para a feitura do café ferve...
o dia com suas sementes preenche
meus caules de tempos chuvosos,
meus anéis de cascavél antiga,
­"sequóia cheia de linhas das cheias"

Observo minha sexualidade e a sexualidade das que desejo,
sob os holofotes do sexo coroo essa noite
e as outras noites de eternidade imensurável
porque sou o solo triunfante do instrumento
tocado pelo artista dos artistas,
pelo mais primitivo animal

Oh noite em que ela dorme
gritando com os lábios da vagina meu nome,
minha eternidade viril,
nosso reinado que está para além desse cosmos
de máquinas e andróides

Hoje eu sou o Dragão de semblante leve,
subindo pelas paredes de teu corpo leguminoso,
pelas colunas de tua voz arrasadora

E o canto que geramos verte-se em chuva cor-de-rosa,
em soberanos jatos de leite,
em reais jatos de tintas cor de útero,
em crianças que são anjos alados
nas mãos de porcelana-marfim de Michelangelo Caravagio

Caminharás comigo pelos campos de trigo ensolarados,
pelos roseirais do mundo
nua feito a lua das feiticeiras do cio
das flores que encontro em nossos ventres pétreos

Amor-perfeito que ví pelos jardins de Curitiba,
amor perfeito tatuado na parte sombreada do meu pênis,
réplica única do pênis do sol roxinol,
do pênis da estrela Sírius de Isis Caçadora

E esse poema nunca acabará
porque nós nunca acabaremos...
e o que há de acabar depois
e durante da implacável tempestade de beijos saborosos?

Venha Senhora minha,
descer com os flamingos o Vale do Amanhecer


(edu planchêz)


(Na foto: Tatyane Luiza)

4 comentários:

  1. Que profundo, que intenso....estou maravilhada e sem palavas....te amo
    Beijos no seu coração meu amado amigo

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  2. Edu meu querido
    muitoo obrigada por esse poema..
    muitoo lindoo e prufundo!
    te amoooo

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  3. Thatyane... bom q vc gostou... estou maravilhado pela tua beleza. Vc merece o q há de melhor na vida. Te amo muito. Beijinhos

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